sexta-feira, 6 de julho de 2012

O Barqueiro da Ilha dos Amores

A ilha dos amores não é apenas produto de alucinada e demente miragem extraída de um fantástico e mirabolante sonho: ela existe na realidade ali na confluência do rio Paiva com o Douro, tendo a milenária povoação do Castelo como sentinela que alerta, vigia incalculável e valioso tesouro; aparece aos olhos dos navegantes como como incrível quimera e esplêndida visão
A ilha não é consequência do fraccionamento de uma porção de terra que se soltou de qualquer continente, predicado de tantas outras maravilhas dispersa na imensidão do mundo. Não, a ilha dos amores foi edificada pelo génio e engenho destes dois rios que num gesto altruísta, quiseram deixar para memória futura, um perpétuo símbolo vivo a lembrar a humanidade de que é sempre possível fabricar a fantasia de um sonho e que, para tal efeito, basta uma forte e indomável vontade de existir.
De longínquas paragens, talvez dos penhascos sobranceiros, Paradinha, Janarde ou Meitriz, aldeias isoladas matizadas com rústico xisto, edificadas nas beiras do rio Paiva lá para os lados de Alvarenga, arrecadaram penedos, fizeram-nos rolar pelo vale abaixo e ali os juntaram com todo o afecto  deste mundo, como quem constrói um templo em memória de feitos milagrosos ou ainda de tributo a notável e insigne personagem.
Quem vem dos lados de Várzea do Douro ou de alpendorada e desce em peregrinação pelos caminhos tortuosos que rabiscam a agreste forma dos montes até Bitetos, depara com essa pérola que se soltou do colar da distante serra prenhe de volfrâmio.

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